Pergunto-me o que é o tão falado filme independente, ou alternativo, designação que considero ainda mais ambígua. Basicamente, são todos aqueles que quebram os convencionalismos ditados por uma indústria em clara tomada de poder. São aqueles que ainda fazem alguma justiça às mentes sedentas de imaginação que criaram o cinema e, claro, os filmes. Então será que podemos comparar filmes independentes, ou podemos até dizer que este filme está mais dentro do género independente do que o outro? Eu creio que não. Há obviamente obras que tentam passar por filmes independente apenas para angariar um público que à partida não seria o seu, mas esse não é o caso de Mutual Appreciation, que é do que vos vou falar em seguida.
Na minha modesta opinião, o cinema independente é o amor à arte, o pouco cinema que ainda é feito, por oposição ao mercado americano e a mais alguns, que não está realmente preocupado em chegar ao topo do box-office e, sinceramente, até prefere que isso não aconteça. Sim, ainda há quem faça cinema pelo gosto. Apenas e só porque nada dá mais gozo do que criar uma história e vê-la crescer na nossa cabeça, para mais tarde ganhar vida no ecrã.
É isto Mutual Appreciation. Não pretende ser nada mais do que um filme de autor divertido. E consegue-o na perfeição. A química dos 3 protagonistas, resultante da amizade na vida real, consegue sentir-se e dá uma luz especial ao filme. É portanto uma obra que toca, não no sentido de nos comover, mas no sentido em que nos identificamos com os seus personagens, com as suas acções e, especialmente, com as suas absurdidades.
Andrew Bujalski constrói uma história de 3 jovens nos vinte e poucos anos, que ainda estão na fase em que não são bem crianças nem adultos responsáveis. Uma comédia sobre a descoberta de um rumo, mantendo-nos apoiados nas pessoas que são como nós, que nos percebem. Aqueles que partilham connosco os sonhos mais loucos e as confidências mais embaraçosas. Aqueles que queremos manter ao nosso lado sempre que possível.
Finalmente um grande destaque para Justin Rice, um actor desconhecido mas cheio de talento. Rice emana uma aura natural de boa disposição e tem um timming cómico perfeito.
Estou totalmente embrenhado no espírito do Indie Lisboa 2006 (é o meu Natal :P), e acima de tudo estou muito orgulhoso da quantidade de destaques que o meu blog e o Take a Break, do qual, como estão cansados de saber, faço parte, têm feito. Em três dias de festival e já temos duas críticas no meu blog, ao Mary,aqui, e ao ainda por estrear The Proposition, aqui. Do outro lado, já se podem ler as críticas a Me And You And Everyone We Know, aqui, e, também a Mary, aqui. Dois excelentes textos de Helena e Ana Silva, respectivamente.
Bem, mas chega de publicidade gratuita e voltemos as nossas atenções para algumas notícias internacionais que chamaram a minha atenção, ainda que nem todas pelos melhores motivos.
Eu adoro o Lost, adoro a Alias e tenho alguma fé na nova Missão Impossível, mas J.J. Abrams descarrilou completamente ao aceitar realizar o 11º filme da famosa série de ficção científica, Star Trek. Eu nunca fui fã da série, mas tenho a sensação de que 10 filmes eram mais do que suficientes. Parece-me algo totalmente despropositado e sem interesse.
Parece que Angelina Jolie, para além de Ocean's Thirteen, vai protagonizar Tomb Raider 3. Nunca pensei dizer isto, mas começa-me a parecer que a sua beleza desumana já não basta para nos levar ao cinema. Ou a rapariga se esmera em Sin City 2 ou não vejo grandes esperanças para que a sua carreira veja dias felizes.
Já é conhecida a lista completa dos filmes em exibição no Festival de Cannes este ano. Podem ver aqui a lista completa.
Por falar em Cannes, parece que Mr. Bean vai lá estar. A sequela de Mr. Bean - The Movie conta as aventuras da personagem interpretada por Rowan Atkinson, de férias no sul de França. Acidentalmente, Bean vai parar ao festival de Cannes e provoca, como já é seu hábito, um mar de desgraças.
O jornal Inglês Guardian elaborou uma lista das 50 melhores adaptações de livros ao cinema. Apesar de ser uma óptima selecção parece-me injusta a ausência de The Hours. Vejam aqui a lista.
Já por Portugal, chega-me a notícia de dois filmes que parecem interessantes. O primeiro é a adaptação ao cinema da famosa dupla António Feio e José Pedro Gomes e da sua Conversa da Treta, o segundo chamar-se-á O Mistério da Estrada de Sintra e é uma adaptação da obra homónima de Eça de Queiroz.
Duas curiosidades relacionadas com dois blogs de cinema. Por aqui, temos Combo Puzzles. Por aqui, temos cabeçalhos. Duas alternativas interessantes ao Sudoku.
Ainda nos blogs, nada me tem posto tão bem disposto como as Audio Editions no The Movie Blog.
Para finalizar voltamos à notícia que abriu o post, o IndieLisboa. Deixo-vos aqui uma foto do divertido Mutual Appreciation, ao qual farei uma crítica em breve. Estejam atentos e bons filmes.
Vamos fazer um pequeno exercício de suposição. Suponhamos que em vez de Spike Lee Inside Man era realizado por Michael Bay (havia uma infinidade de outros maus realizadores que podia referir, mas este foi o que me surgiu primeiro). Obviamente, em vez de Clive Owen teriamos Ben Affleck, em vez de Denzel Washington figurava Will Smith e no lugar de Jodie Foster entraria Cameron Diaz.
O assalto ao banco teria bastantes mortes, explosões, conversas dramáticas entre o assaltante e o negociador. Gritavam-se frases como "You'll never get out of here alive" ou "I will get my revenge". Os assaltantes iriam munidos dos gadgets mais recentes, acabados de tirar do último filme do 007.
Não havia cá Nazis nem pessoas de várias raças que isso distraía o telespectador. Metiam-se umas meninas loiras, bem burras mas igualmente bem dotadas, como reféns e uns senhores musculados e heróicos que acabariam por perder a vida ao tentar enfrentar os vilões. Cameron Diaz iria negociar com o assaltante, para recuperar uma cassete comprometedora do dono do banco mas, durante o encontro, os dois apaixonavam-se. O roubo era bem sucedido e o recém casal fugia com o dinheiro.
Ainda estão a acompnhar? Então eu agora pergunto como é que há gente que ainda diz que Spike Lee se converteu à industria de Hollywood? A mestria não está em fazer um blockbuster, mas em disfarçar um grande filme nos moldes que à partida conhecemos como sendo os de um blockbuster.
Podia elogiar a fabulosa realização, a categoria dos actores, o humor negro, podia elogiar uma quantidade de coisas, mas a verdade é que o filme fala por si. Não pretende ser uma obra prima, mas entretém realmente, levantando algumas pertinentes questões pelo caminho. É um filme "boa onda", desde a banda sonora aos chapéus a lembrar os tempos de Dick Tracy, e estamos mal habituados ao pensar que o final tem de ser surpreendente e bombástico. Porque chegamos ao fim e percebemos que o melhor já passou. A viagem é o que realmente interessa e não está dependente de um twist (apesar de também o ter) para ser um grande filme.
Se vão à espera de um The Italian Job desenganem-se e se vão à procura de outro 25th Hour desenganem-se outra vez porque Inside Man é realmente outro Spike Lee joint, mas diferente de tudo o que o realizador já fez.
A minha primeira incursão no Indie Lisboa deste ano foi bastante satisfatória.
Para mim, a confirmação de que um filme é bom dá-se quando este nos deixa a pensar. Mary, mais do que isso, dá-nos tema de conversa para uma quantidade de horas. É um filme que tem mesmo esse objectivo, mostrar uma pequena parte de uma história, ou de várias, que incentivam a uma pós-pesquisa para as compreendermos melhor e para formarmos as nossas próprias conclusões à cerca do filme e do tema.
Tema esse que é a religião e a Mary a que o título se refere é a Maria Madalena. Juliette Binoche empresta o corpo à personagem Marie, uma actriz de sucesso que, depois de representar Maria Madalena no cinema, tem uma espécie de epifania e decide dedicar a sua vida à procura da sua paz interior e de uma maior proximidade com Deus.
Falar sobre Mary não é uma tarefa simples, é um filme difícil, que nos confronta com situações extremas e nos questiona sobre qual a nossa posição. Tal como os envangelhos de que fala, o filme é passível de ser interpretado das mais variadas formas e está sujeito a ter críticas fantásticas, como a ser cruxificado.
No fundo, Mary é um olhar cínico sobre a busca de Deus nos momentos em que mais nos convém, o egocentrismo contemporâneo que se põe no lado oposto da ideologia cristã, de amor ao próximo. Diz-se que Deus perdoa tudo, mas merecemos nós ser perdoados?
Eu sou agnóstico, ou seja, acho que, por mais que se discuta a questão da existência ou não de Deus, nunca chegaremos a nenhuma conclusão. Não me oponho à existência de Deus, mas à inexistência de provas que me levem a acreditar. Há quem lhe chame falta de fé. Talvez, mas quanto a isso não há grande coisa a fzer. Isto para dizer que, mesmo para quem não acredita, Mary pode ser um filme interessante, que exercita o intelecto, sem nos querer vender nada ou impingir um ideial. O que não quer dizer que não defendam um ponto de vista. A diferença é de que não querem necessariamente fazer do seu ponto de vista o nosso.
A sequela de Saw entra logo a matar, literalmente. A minuciosa, mas nem por isso menos nojenta, morte é um belo exemplo do que este serial killer é capaz de fazer.
9 - The Shawshank Redemption Um poderoso filme, com uma tocante morte da personagem Brooks. Inesquecível a frase: "BROOKS WAS HERE", gravada na madeira com o seu canivete, antes de se suicidar.
8 - The Godfather
A triologia dos padrinhos tinha uma quantidade interminável de mortes por onde escolher, das mais sangrentas ás mais mirabulantes. Ainda assim eu decidi escolher aquela que mais me tocou. A morte do Padrinho himself, Don Corleone. Filmado com uma tremenda sensibilidade, ali está um qualquer idoso a brincar com o seu neto, mais uma vez a mostrar que a família é o mais importante, na vida e na morte.
7 - The Shinning Depois do seu filho o ter enganado e levado para um labirinto no jardim, o malévolo Jack Torrance não consegue escapar e acaba por morrer congelado. Mesmo morto o senhor Jack Nicholson tem um ar assustador.
6 - Batman Depois de cair do topo de um edificio o som das suas gargalhadas continuavam a ecoar nos nossos ouvidos, afinal era apenas uma gravação. Falo de Joker, como é obvio.
5 - Se7en Tal como o título indica, os 7 pecados mortais. Eu escolhi a gula, por ter sido aquele que, na altura em que visionei o filme pela primeira vez, mais me chocou.
4 - Alien O personagem de John Hurt está condenado e não o sabe. Depois de ser submetido a exames médicos, descobre que tem algo dentro de si. Descobre tarde de mais.
3 - Full Metal Jacket O diabólico Private Pyle decide, depois de uma recruta infernal na tropa, pôr termo à sua vida. Mas não o faz de uma forma qualquer, mata o seu superior e depois dá um tiro na cabeça com uma caçadeira. É Kubrick no seu melhor.
2 - Pulp Fiction
A obra prima de Tarantino está recheada de momentos cómicos, mas, não se tratasse este de um filme de Quentin Tarantino, o humor é diferente do habitual e faz-nos rir das situações mais insólitas. Nesta cena, a personagem de John Travolta acidentalmente dá um tiro na cabeça da pessoa que ía no banco de trás do seu carro. Escusado será dizer que o diálogo que se segue é de morrer a rir e assim, acidentalmente, nasceu uma das mortes mais famosas do cinema.
1 - Psycho
Para além de ser a mais mítica, é uma das mais populares mortes no grande ecrã. A mestria de Alfred Hitchcock aliada à bela representação de Janet Leigh fizeram da cena do chuveiro imortal e tão brilhante hoje, como no dia em que foi filmada.
Qual a rubrica do blog que gostava de ver actualizada mais vezes?
Top 10 (6) 55% Com a verdade m'enganas... (2) 18% Actrizes Eternas (1) 9% Motion Picture (1) 9% Poster | restoP (0) 0% Espelho meu, espelho meu... (0) 0% Actores em ascenção (1) 9%
Apesar de ter tido poucos votos, a vantagem para o Top 10 é significativa. Como forma de agradecimento a todos os que votaram o próximo post será um top 10, dedicado às 10 melhores mortes no cinema.
Pois bem, a verdade é que existe. Não é um documentário sobre cómicos, artistas de stand up ou entertainers. É um documentário sobre uma anedota. Segundo alguns rumores é uma das mais antigas anedotas do mundo mas, devido ao seu teor demasiado obsceno, foi-se tornando numa pequena private entre comediantes.
Paul Provenza reuniu "apenas" algmas das pessoas mais hilariantes do mundo da comédia, deu-lhes total liberdade para contarem a anedota em questão e para divagarem um pouco sobre o impacto da mesma. O resultado foi uma viagem sem qualquer nexo pelas improvisações de artistas como Whoopi Goldberg, Jason Alexander, Billy Connolly, Andy Dick, Chris Rock, Sarah Silverman, Jon Stewart, Robin Williams, entre muitos, muitos outros.
A anedota até nem tem assim tanta piada como isso mas a sua estrutura é única e permite a cada artista improvisar e deixar o seu cunho pessoal. Basicamente é uma anedota que condensa em si mesma assuntos tão interessantes como a pornografia, pais que abusam dos filhos, pedofilia, incesto, orgias, defecações, urina, zoofilia, necrofilia, apenas para citar alguns. É o ex-libris para um comediante porque lhe permite ser obsceno sem se preocupar se está a chocar alguém.
Obviamente o resultado é de nos fazer rir como loucos, a ponto de não conseguirmos respirar. Infelizmente nem todo o documentário é assim e 89 minutos consecutivos a falar sobre uma só anedota acaba, inevitavelmente, por ter momentos menos conseguidos, direi até enfadonhos. Mas nada que não se suporte.
The Aristocrats não irá agradar a muita gente, mas não será por falta de mau gosto. Afinal de contas, se estamos habituados a ver tanta merda no cinema, (e grande parte do público gosta) porque não um filme que fale sobre ela com a maior naturalidade do mundo?
A curta carreira de realizador de Guy Ritchie já lhe deu tantas alegrias como tristezas. Depois dos aclamados Lock, Stock and Two Smoking Barrels e Snatch, vieram os apupos com o execrável Swept Away e agora com este pretensioso Revolver.
O realizador sabia as regras do jogo todas muito bem, mas não as soube jogar. A sua maneira estilizada de realizar ainda é o seu único ponto forte. De resto, começando por um argumento confuso e demasiado longo, até às suas incursões pelo mundo de Tarantino, de Coppola (o pai, não a filha) e até mesmo de David Fincher, tudo falha redondamente.
A história não cativa, dá até vontade de desistir a meio, de tal modo confusa e mal estruturada que está (já para não falar da previsibilidade ao longo de todo o filme). Este género está tão saturado que é dificil apanhar o espectador desprevenido, a atenção é redobrada porque já se espera um twist final. Neste caso ou ficamos contente porque o descobrimos a meio do filme ou ficamos irritados por tamanha preguiça mental para inventar algo de realmente imaginativo.
Ao nível dos actores Jason Statham faz um bom trabalho e André Benjamin foi uma agradável surpresa. Ray Liotta está exagerado, caindo por vezes no ridiculo. Ainda assim tem uma cena memorável, quase saída de um filme do Padrinho, mas que não se enquadra e que, como é óbvio, não compensa o resto do filme.
A introdução dos desenhos animados pareceu-me despropositada e demasiado Tarantiniana (termo inventado agora). Guy Ritchie perde o estilo próprio para se aventurar numa diversidade de outros estilos que não resultam bem entre si.
Destaque Indie Lisboa - Me And You And Everyone We Know
A suceder a Before Sunset e a Born Into Brothels na abertura do festival IndieLisboa, Me And You And Everyone We Know é uma comédia romântica sobre as especificidades emocionais de cada um e de como é raro encontrar alguém que realmente as compreenda.
Os americanos começam a apostar cada vez mais no cinema de animação. Especialmente porque é aquele que tem mais resultados nas bilheteiras. Mas, tal como quase todos os outros géneros pensados apenas para o lucro, chega uma altura m que já estamos cansados. Eu pelo menos estou.
Gostei muito do primeiro Ice Age, achei que tinha algumas boas ideias, personagens engraçados e isso tudo. Mas era um filme para crianças, assim com este o é.
A sequela vive muito do humor "físico", as quedas e tropeções dos trapalhões animais e pouco da história. Como tud o que sobe, desce, tudo o que é congelado, tem de descongelar. Ou qualquer coisa do género. Por isso os animais têm de fugir do descongelamento total que irá provocar a submersão do sítio aonde vivem. Vão em busca do "vale encantado" ou da "Arca de Noé". Been there, seen that. Sinceramente, não há nada de novo que justifique a existência desta sequela.
Apesar disso não deixa de ser entretenimento puro e um bocado bem passado. Compensa 5 euros? Talvez não, mas podem sempre esperar pela edição em dvd.
A minha classificação é de: 6/10
P.S. O personagem mais engraçado continua a ser o esquilo atrás da bolota.
Começo por dizer que é preciso estar na disposição para ver este filme, não podemos estar a pensar em mais nada e temos de estar dispostos a deixar-nos levar pelos caminhos estranhos pelos quais o realizador nos guia.
Underground conta a história de dois amigos na antiga Jugoslávia, durante a II guerra mundial, e que utilizam métodos pouco convencionais para sobreviver. Utilizam uma cave para esconder a família e alguns amigos e aproveitam para os pôr a fabricar armas. Quando a guerra acaba um deles mantém todos os outros a trabalhar e não lhes diz que a guerra já terminou. E assim, fechados numa cave, continuam durante 20 anos.
Este é daqueles filmes que, uma vez embrenhados na sua história, não interessa se dura 1 hora ou 3 horas e qualquer coisa (como é o caso). O mundo que Kusturica constrói é ao mesmo tempo belo e tremendamente triste mas, como raramente acontece, esse contraste funciona e comove-nos. O realizador utiliza a comédia e o burlesco para nos contar situações de uma proporção trágica imensa e certamente sorrimos, mas não deixamos de ter o coração por dentro apertado.
É extraordinário reparar como Kusturica sabe que não basta um belíssimo argumento, se não existirem actores capazes de lhe dar credibilidade. E no campo da direcção de actores, nada há a apontar. Muito pelo contrário, só temos de elogiar o trio de actores principais, Miki Manojlovic, Lazar Ristovski e Mirjana Jokovic.
Outro dos pontos altos do filme é a banda sonora. Não se limita a existir no fundo. É parte activa e partilha o ecrã com os actores, o que aumenta consideravelmente o papel que desempenha. Faz parte da vida do filme, acompanhando todas as pripécias que vão acontecendo, prevendo mesmo algumas delas.
Esta obra ganhou a palma de ouro em Cannes no ano de 1995 e consagrou um dos maiores realizadores europeus. Pela densidade do filme, pelas suas metáforas, pelo seu humor único e pela sua importância havia muito mais para dizer, mas em vez disso aconselho toda a gente a ver o filme e a completar esta crítica com os vossos comentários.
Esta espantosa obra visual de Dave McKean é um dos grandes trunfos do festival este ano e promete surpreender. Tem direito a duas exibições, sendo que a primeira é no dia de arranque, 20, às 21:30h, no cinema King e a segunda será dia 24, às 18:30h, no Fórum Lisboa.
Continuando o destaque ao IndieLisboa 2006, apresento-vos a crítica a um filme que terá a sua antestreia no festival lisboeta.
Escrito pelo músico Nick Cave, The Proposition é uma lição para os americanos de como se pode pegar num género seu e torná-lo num grande filme. Os westerns foram o ex-libris do cinema americano, aqui, numa parceria da Australia com o Reino Unido, John Hillcoat realiza um filme que mostra que o género não está morto, nem vive só de tendências homossexuais.
Uma história de vingança, de amor, de violência... Porque estes condimentos existem em todas as grandes histórias. Aqui andam de mãos dadas, completam-se e complementam-se, num cenário sujo, cansado e, ao mesmo tempo, infinitamente belo. Um trabalho magnífico de Benoît Delhomme como director de fotografia.
O elenco não podia estar melhor, desde o ar desgastado de Guy Pearce (longe do seu amnésico papel em memento) passando pelo surpreendente Ray Winstone e pela magnífica Emily Watson, até ao curto, mas intenso, papel de John Hurt. Cada um trouxe um pouco da sua forma de exprimir a dor e conseguiram a proeza de fazer com que nós também a sentíssemos com a mesma intensidade.
A música é significativamente importante, não fosse o argumentista um dos músicos mais influentes da sua geração, e chega mesmo a ser fundamental para dar sentido a algumas das cenas ao longo de todo o filme. Nick Cave e Warren Ellis compõem uma das mais intensas bandas sonoras que alguma vez escutei.
Finalmente, John Hillcoat, aparentemente desconhecido, revela-se um génio atrás das câmeras com planos de uma subtileza impressionante e movimentos de uma simplicidade certeira.
Como já referi, a antestreia de The Proposition será no IndieLisboa 2006, dia 27, às 21:30h, no Fórum Lisboa. Não percam.
Drawing Restraint 9 é o regresso de Björk ao cinema. Aqui também podem ver o trailer com mais qualidade. Para assistir ao filme durante o festival de cinema alternativo lisboeta é só comprar o bilhete para dia 28 (sexta-feira) ás 21.30h no Fórum Lisboa.
Ansiava por este filme como os miúdos pelo Natal. Apesar de não me ter enchido as medidas a 100% esteve lá muito perto. E porque é que não me satisfez por completo, perguntam vocês? Muito simples, por causa de uma obra chamada 1984 que, como muitos devem saber, foi escrita por George Orwell. Basicamente a ideia é muito parecida, um país dominado por um regime de ditadura, em que a figura do seu líder é amplificada à categoria de Deus e aonde toda a liberdade de expressão e de informação é banida. Mas a semelhança entre as duas histórias podia ser irrelevante, não fosse a obra de Orwell bastante superior. Assim como o filme de Michael Radford.
V For Vendetta é mais arrojado, tem personagens mais marcantes e "V" só por si dá outro fôlego ao filme. Hugo Weaving, mesmo sem aparecer uma única vez desmascarado consegue humanizar o seu personagem. Mas o melhor mesmo é Natalie Portman. Que anjo resplandecente, conquista-nos o coração desde a primeira cena. Ela torna o seu sofrimento nosso e digam-me, haverá mulher careca com mais sex-appeal?
Apenas como curiosidade, John Hurt, que em V For Vendetta interpreta o vilão, foi, em 1984, o herói. Escusado será dizer que está fantástico em qualquer um deles.
Mesmo acabando por não ser O filme, V For Vendetta não deixa de ser motivo para uma paragem obrigatória no cinema.
Com a verdade m'enganas [02-04-06] ***Especial Aniversário***
Pois é, voltei de férias exactamente no dia em que o meu blog faz 1 ano de actividade. Muita coisa se passou neste último ano de bloguices. Vi uma imensidão de filmes, uns bons outros nem por isso, mas a vida é feita destes paradoxos.
Acima de tudo este blog continua a ser uma brincadeira que não quero levar muito a sério para não se tornar apenas mais um entre os demais. Gosto de filmes, gosto de falar sobre eles, não gosto muito de formalidades, por estas razões o meu blog liga pouco ao politicamente correcto ou ao que é aceitável. Digo o que penso para quem estiver interessado em ler.
Aos que têm estado interessados e têm lido, o meu muito obrigado. Sabe sempre bem saber que no final do dia há algum que partilha connosco os nossos gostos e que está disposto a acompanhar aquilo que penso e que tenho para dizer, independentemente de partilhar ou não das minhas opiniões.
Afinal de contas estamos todos ligados pelo mesmo gosto pelo cinema.
Os especiais que fui criando ao longo destes 12 meses deram-me imenso gozo, especialmente os "Top 10" e este "Com a verdade m'enganas". Alguns continuarão certamente, outros vão-se perdendo com o tempo e fica a promessa de que novos surgirão. As críticas essas são uma constante e uma das grandes bases para o blog.
Para além do cinema, a televisão também me fascina, em especial as séries. Continuarei a referir séries de culto e novos fenómenos como o fiz anteriormente.
Isto já começa a parecer conversa de político, por isso resta-me dizer que estou aberto a opiniões, sugestões, comentários ou se preferirem apenas visitas.
Um grande abraço e espero daqui a 12 meses ainda estar a celebrar.